O uso da língua Chiquitano
Hoje a língua materna ancestral do povo Chiquitano da Terra Indígena Portal do Encantado está sendo resgatada e, aos poucos, usada no cotidiano.
Já vemos pessoas falando, cantando na língua sem dificuldade.
Há momentos que presenciamos as crianças, jovens e adultos falando com entusiasmo, mesmo com dificuldade de formalizar os enunciados na língua Chiquitano.
Os Chiquitano têm interesse de aprender a falar na sua língua, mesmo não sendo alunos, fazem as anotações das palavras e frases, sempre estão procurando palavras novas para ampliar seu conhecimento vocabular.
No meio social do povo, já é frequente ouvir palavras na língua Chiquitano em festa tradicional e nos eventos que acontecem na aldeia e fora dela.
Percebe-se que até na cidade os Chiquitano, quando se encontram, conversam na língua, utilizando as palavras ou frases que já aprenderam.
Há momentos que os não indígenas do município interagem na conversa com o objetivo de aprender a falar a língua Chiquitano.
Os não indígenas estão aceitando ouvir a fala Chiquitano sem fazer comentários maldosos para os indígenas.
Foi observado também que até os que não assumem a identidade, já falam na língua ocultamente para que ninguém saiba que está falando Chiquitano.
A importância da Escola Indígena no resgate da língua Chiquitano
A luta pela melhoria das condições educacionais teve continuidade com a reivindicação e a conquista da construção do prédio próprio da escola indígena, que ocorreu em 2012.
No currículo escolar, estão inseridos as práticas e saberes da Cultura Chiquitano, a língua materna ancestral e o trabalho em parceria com a comunidade.
No decorrer das aulas, procuramos envolver os estudantes em conhecimentos de outros grupos indígenas e outras etnias para que compreendam a diversidade nos diversos âmbitos.
Acreditamos que é através do conhecimento proporcionado pelo processo de ensino e aprendizagem que se constrói o pensar, o entendimento e a compreensão sobre a diversidade.
Durante as apresentações dos alunos, todos os Chiquitano começam a cantar na língua, deixando de lado o desconforto de falar a língua e sem que os demais percebam que estão falando.
Assim pode-se dizer que a língua está sendo falada e que a timidez de falar a língua étnica está sendo quebrada.
As crianças conseguem também aprender as palavras na língua antes de estudar na escola.
A coletividade entre os Chiquitano vem ajudando no fortalecimento da língua no meio social do povo.
Quando os jovens estão em conversação entre eles nas práticas culturais ou esportivas, há momentos que eles usam a língua materna nas suas comunicações de regras de jogos para que os seus adversários não entendam o que estão falando entre os Chiquitano.
Podemos observar que as famílias estão falando na língua materna com seus filhos, sem nenhuma dificuldade, fortalecendo a língua Chiquitano no seu cotidiano.
Durante as visitas nas famílias, o dono da casa oferecem alguns alimentos falando na língua, demostrando que aprenderam a falar na língua.
Hoje as crianças já estão indo para a escola, cantando e falando palavras na língua materna.
Atualmente a língua Chiquitano está sendo ensinada na Escola Estadual Indígena Chiquitano, para os alunos, desde as séries iniciais até o Ensino Médio.
E cada professor vem ensinando os alunos a pronunciarem as palavras e alguns enunciados nas aulas.
Essa prática faz parte do desenvolvimento do planejamento das aulas.
Hoje podemos dizer que os Chiquitano já conseguem entender as palavras na oralidade.
Quando um falante conversa com os alunos, falando palavras ou algumas frases contextualizando, os alunos já estão começando a entender.
Nesse caso, é importante ensinar a língua materna a partir dos gêneros textuais dentro do contexto.
Esses gêneros são as histórias contadas na língua materna em sala de aula e também em alguns encontros na aldeia.
2 Comentários
Síria e companheiras finalmente encontrei o seu site . Vou ler e depois comento. Parabéns
ResponderExcluirobrigada professor
ExcluirAgradecemos o seu contato. Assim que possível responderemos sua mensagem.